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Autismo e TDAH na escola: como garantir educação inclusiva para crianças neurodivergentes
De especialista em especialista, exame após exame, uma pessoa neurodivergente pode levar anos até chegar a um diagnóstico preciso.
Transtornos como o autismo (TEA) ou o déficit de atenção com hiperatividade (TDAH), embora comuns, só passaram a receber atenção da sociedade há poucos anos, o que faz com que muitos convivam com essas condições sem ter conhecimento. Entender o diagnóstico e pesquisar sobre ele é uma das formas de oferecer mais qualidade de vida a quem o recebe – e a escola é responsável direta por boa parte do desenvolvimento de crianças e adolescentes com TEA ou TDAH.
O Center of Diseases Control and Prevention (CDC), órgão do governo dos Estados Unidos, estima que uma a cada 110 crianças tem autismo. No Brasil ainda não há uma estatística segura sobre o assunto, porque uma pergunta sobre o TEA foi incluída pela primeira vez no questionário do Censo Demográfico 2022, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mas ainda não tem resultados divulgados. A estimativa é de que, em todo o país, dois milhões de pessoas tenham TEA. No caso do TDAH, a Associação Brasileira do Déficit de Atenção (ABDA) aponta que, a nível mundial, algo entre 5% e 8% da população apresenta o transtorno.
O que é preciso observar na escola?
Com um número cada vez maior de casos diagnosticados, os debates acerca dessas condições vêm, há algum tempo, ganhando força e se ampliando em busca de soluções para garantir uma vida confortável e saudável para todo esse contingente. E, em certa medida, esses debates passam, necessariamente, pela escola. Escolher uma instituição de ensino é um desafio e, quando a criança tem algum diagnóstico, essa tarefa se torna ainda mais complexa.
Algumas dicas podem ajudar nessa missão. De acordo com a especialista pedagógica do Sistema Positivo de Ensino, Wania Burmester, “ao entrar na escola, deve-se observar atentamente como se é recebido, como a criança é recebida, como as pessoas tratam umas às outras. Para uma criança aprender, ela precisa de sentir bem, ser acolhida, sentir que acreditam nela. Isso é muito importante na relação de ensino e aprendizagem”.
Uma visão humanizada e acolhedora é fundamental, mas não é tudo. A especialista explica que também é preciso observar a questão pedagógica. “Questione se a escola tem um modelo de Plano Educacional Individualizado (PEI) que aponte as habilidades e limitações da criança para que o plano de trabalho com ela possa ser traçado e proponha-se a compartilhar o maior número possível de informações sobre seu filho, de modo a compor esse PEI.
Que tipo de adaptações essa escola oferece? Existe um Atendimento Educacional Especializado (AEE), um espaço a que a criança possa ir em momentos em que seja necessário sair da sala de aula? A criança terá um acompanhante nesses momentos ou não? Lembre-se de que a inclusão acontece quando a criança está bem e feliz, mas, principalmente, aprendendo”, alerta.
Além da sala de aula
Mas não basta que a escola esteja preparada e pronta para fazer as adequações necessárias, é preciso que a família também se comprometa com o aprendizado da criança. Faz parte desse processo, em primeiro lugar, relatar para a escola quem a criança é, quais suas principais dificuldades e habilidades, os aspectos comportamentais que podem influenciar no dia a dia escolar.
Quanto mais informações a escola tiver, mais fácil será a adaptação. Outro passo importante é acompanhar como é o relacionamento dela com os colegas, funcionários e professores. Ao abrir um espaço de diálogo franco com a escola, o retorno será, também, muito sincero, com apontamentos do que está sendo difícil e o que está indo bem.
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